domingo, 3 de abril de 2011

O ventilador

Poucas coisas são tão capazes de salvar uma vida quanto um ventilador. Nada contra os secadores de cabelo, gavetas de armários ou outros objetos também merecedores de prestígio; simplesmente é nele que penso enquanto escrevo estas linhas. Quando ligado aos misteriosos buracos da tomada, o referido objeto é assolado por energias transcendentes e inicia um movimento de hélices que cortam o ar e geram vento. Inclusive é daí que vem o seu nome: ven-ti-la-dor. A própria palavra é um exemplo de objetividade.

O ventilador não cogita a possibilidade de que eu, em um arroubo de irresponsabilidade, deixe de pagar a conta de luz, causando a sua morte e a de outros eletrodomésticos. Será que a falta de energia significa mesmo sua morte? Pois é, ele não se pergunta isso também. Ele não acha que o vento carrega a dureza do olhar intraduzível, a vontade de você por perto. É preciso, desesperadamente, entender o ventilador...

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