segunda-feira, 7 de novembro de 2011

...

Escrevo porque lembrei de Maria. Achei ainda em mim um carinho sem precedentes. Em Maria aprendi um amor bobo: que ria à toa, que não exigia nada em troca, que se sabia inocente, mas nem se importava. Aprendi com ela certa paciência com as pessoas e coisas que nos são estranhas, certo carinho com o mundo. Não é que eu veja em Maria um estandarte de perfeição - sei, por exemplo, que ela não é muito boa comunicadora - mas, como disse, passei a ver nisso uma manifestação pura do existirmos. Dizer que lembrei de Maria é dizer que aos poucos me volta aos olhos o ver poesia nas coisas como são. Aos poucos me abandona um peso que nunca quis carregar e mesmo assim ajudei a alimentar. Vejo que deixei de comemorar as manhãs e em troca os dias passaram rápidos e frios. Não é que a vida seja pesada ou leve, é apenas indiferente. Volta, Maria, volta e traz na sua cesta o que perdi de poesia.

Hoje sou eu quem lhe pede, assim, humildemente: venha para mais perto de mim.

domingo, 6 de novembro de 2011

Cataguases

Como diria Ascânio Lopes:

"Em ti se dorme tranquilo sem guardas-noturnos.
Mas com o cri-cri dos grilos,
o ram-ram dos sapos.
O sono é tranquilo como o de uma criança de colo.
Vale a pena viver em ti.
Nem inquetude.
Nem peso inútil de recordações,
mas a confiança que nasce das coisas que não mudam bruscas,
nem ficam eternas."