sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A bolinha de papel

Pairava ela sobre o concreto, retorcida em sua tão maleável condição. Nunca disse nada a fim de não magoá-la - lhe agradava criar misticismos quanto à origem de nosso amor -, mas foi o puro acaso quem transformou em evento o encontro entre a superfície de meu sapato e a branca face de seu ser redondo. Foi um belo relacionamento esse entre nós dois. Me agradava contemplar por vários segundos a beleza de seu transarbóreo ser. Nosso amor foi permeado por acontecimentos marcantes: certa vez, ao empurrá-la com a ponta de meu pé, ela foi arrastada pelo vento em direção a uma poça d'água, salva apenas por uma contigente pedra que descansava no caminho.

Penso que talvez tenha sido o tempo responsável principal pelo desgaste de nosso arrebatador deslumbre. O fato é que passei a encará-la como um simples pedaço amassado de papel saudoso pela idéia de ter sido um dia árvore. Patética era sua existência: seguir em frente pelos chutes que eu lhe dava. Foi então que resolvi separar-me

"Adeus querida, ainda temos muito o que aprender nesta vida..."

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