quarta-feira, 9 de junho de 2010

Palco

E aí eu estava no palco e fui mandado mesmo a atuar. O diretor - invisível ou não, onipresente, tirano, talvez mera abstração - tinha um papel preparado pra mim, eu devia ser essência. Confesso que de início fiquei meio perdido, ator iniciante, procurando em teatro o meu papel. De tudo representei, trabalhei e fui malandro, jogador de futebol, fui leitor e até poeta! Inventei de musicar e fingi ser danado de bom, desses que animam São João - nos sons do mundo me fiz. Só não fui de gravar discos, por ser assim coadjuvante. Escolhi regionalismos e foi então que me alegrei representando de mineiro, carioca, sertanejo, imigrante ilegal, operário chinês. Em nada fui um bom ator.

Quis me espelhar em você. Fui fingindo sorrisos, brincando de ser seu. Te mostrando o horizonte, a transcendência da aurora que finge tingir o céu. Atuando me vi eu.
Ser em essência é representar bem feito: e é essa a essência de tudo.

Um comentário:

  1. Parabens Dennis, cada vez mais eu me apaixono pelas coisas que voce escreve e pelo modo que vc encara a vida. Pabens duplo ate, ja que hoje eh seu aniversario.
    Quando leio os seus textos tenho a impressao que eu nem sai de perto de vc e dos meus amigos, me aproxima muito. Obrigado.
    Te amoooooo

    ResponderExcluir