segunda-feira, 7 de novembro de 2011

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Escrevo porque lembrei de Maria. Achei ainda em mim um carinho sem precedentes. Em Maria aprendi um amor bobo: que ria à toa, que não exigia nada em troca, que se sabia inocente, mas nem se importava. Aprendi com ela certa paciência com as pessoas e coisas que nos são estranhas, certo carinho com o mundo. Não é que eu veja em Maria um estandarte de perfeição - sei, por exemplo, que ela não é muito boa comunicadora - mas, como disse, passei a ver nisso uma manifestação pura do existirmos. Dizer que lembrei de Maria é dizer que aos poucos me volta aos olhos o ver poesia nas coisas como são. Aos poucos me abandona um peso que nunca quis carregar e mesmo assim ajudei a alimentar. Vejo que deixei de comemorar as manhãs e em troca os dias passaram rápidos e frios. Não é que a vida seja pesada ou leve, é apenas indiferente. Volta, Maria, volta e traz na sua cesta o que perdi de poesia.

Hoje sou eu quem lhe pede, assim, humildemente: venha para mais perto de mim.

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